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A inovação tem a ver com pessoas

A simples menção da palavra inovação traz à mente a imagem de robôs, sistemas tecnológicos complexos, internet das coisas e realidade aumentada? É assim para muitas pessoas. Contudo, há quem pense diferente.

Silvio Meira, sócio da MuchMore, e Guilherme Horn, da Accenture, defendem que para que a inovação aconteça, é preciso dar um passo atrás e olhar para as pessoas.

Ao se debruçar sobre um estudo que tinha como objetivo entender “o que acontece com as pessoas nos negócios por causa dessa agitação, que a gente resolveu chamar de transformações digitais”, Meira percebeu que para sobreviver nesse mundo em transformação, é necessário muitas vezes mudar a mentalidade dos funcionários da base da empresa.

“Essa é a tensão em qualquer empresa. As pessoas que entendem do negócio e têm a cultura do lugar precisam ser reeducadas, mudar as bases de pensamento, mas mantendo os mesmos valores e princípios éticos e morais, e a rede de clientes, se for possível”, afirma.

E isso não significa simplesmente que as grandes empresas precisam começar a pensar com cabeça de startup, como muitos defendem. “Você não consegue transformar um grande negócio em uma startup”, diz. As diferenças de escala, processos e responsabilidade impossibilitam isso. Mas é preciso aprender um pouco com as startups.

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O processo de digitalização foi tão acelerado que hoje, diz Meira, as pessoas estão muitas vezes mais informatizadas que as empresas. E as grandes empresas, muitas vezes, perderam o passo e ficaram para trás.

“O Whatsapp e o Instagram são muito melhores do que os aplicativos dos bancos”, provoca. “Essa velocidade toda é um mega problema dentro dos negócios porque as empresas têm cultura, arquiteturas de valor e de poder que permeiam as relações”. Mas para crescer e inovar, é preciso mudar essa cultura.

Hoje, diz Silvio Meira, as empresas estão competindo por profissionais, e não por participação de mercado. “O maior desafio da transformação digital é gente. Tem empresas que não vão conseguir fazer a transformação digital porque não vão conseguir transformar suas culturas”.

Guilherme Horn concorda que o desafio é a busca por profissionais. “Tem muita gente que construiu uma carreira de sucesso, mas foi em outro mundo. É difícil para essas pessoas entenderem que não se faz mais um plano de 5 anos, mas de 5 semanas, que a gente testa sempre, que faz MVP [mínimo produto viável]”, diz. Há dois anos, ele trabalha na Accenture tentando mudar a cultura na empresa.

“Minha entrada foi a partir da constatação de que só com gente de dentro essa transformação não ia acontecer. Acho que em todos os níveis da organização, desde diretores até garotada que está entrando, é preciso ter gente nova, e em todas as áreas. Se você não fizer isso, dificilmente vai conseguir fazer a transformação digital com a rapidez necessária”.

As empresas têm então o segundo desafio de atrair e reter os melhores profissionais. Guilherme lembra que quando se formou, o sonho dos colegas era trabalhar em uma multinacional. Na geração anterior, os profissionais sonhavam em se tornar funcionários públicos ou trabalhar em um banco. Hoje, o sonho dos universitários é trabalhar em uma startup. “O que faz diferença na atração de pessoas são os desafios que essa pessoa vai enfrentar e se ela vai ser importante na jornada da empresa”, afirma.

Para Silvio Meira, os profissionais também buscam a oportunidade de aprender.

“Ninguém vai trabalhar pelo cargo que tem, mas pela oportunidade de contribuir e de aprender ali. Toda empresa tem que ser uma boa escola. Se você passar mais de 15 dias em um lugar e não aprender nada, peça demissão por justa causa porque aquele lugar está te tornando incompetente”.

Fonte: Época Negócios

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