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Elas mostram sua força e avançam, cada vez mais, em espaços públicos, nas organizações e no mercado de trabalho. No empreendedorismo, não é diferente.

Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), divulgados em 2016, o número de mulheres empreendedoras cresceu de 6,3 milhões para quase oito milhões em 11 anos, o que representa um aumento de 25%.

De acordo com a pesquisa “Quem são elas”, realizada pela Rede Mulher Empreendedora (RME), 55% das empreendedoras brasileiras têm filhos, 61% são casadas, 44% são chefes de família e 39% trabalham mais de nove horas por dia, sem contar as jornadas duplas e, às vezes, até triplas que a mulher brasileira precisa enfrentar.

Se ter uma ideia inovadora e fazer ela acontecer já não é tarefa fácil, fazer tudo isso partindo de um cenário sociocultural de desigualdade de gênero é um desafio ainda maior.

Segundo uma pesquisa realizada pela Serasa Experian, as mulheres estão à frente de 43,0% dos negócios brasileiros, o que de certa forma significa um aumento da independência financeira e do impacto gerado por elas na economia nacional.

Contudo, desse total, 98,5% são sócias de micro e pequenas empresas, enquanto apenas 0,2% das mulheres empreendedoras do Brasil são sócias de grandes empresas.

E o salário?

Assim como denúncias de assédio e discriminação em ambientes de trabalho multiplicam-se nos quatro cantos do mundo, a luta por maior igualdade de salário também continua.

Apesar de ainda significativa, de acordo com os dados mais recentes da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, essa diferença salarial diminuiu nos últimos dez anos.

Em 2007, o rendimento dos homens era R$ 1.458,51 e das mulheres R$ 1.207,36, uma diferença de 17%. Em 2016, a diferença de remuneração média entre homens e mulheres era de 15%.

E essa diferença de salários não corresponde à capacitação, uma vez que as mulheres constituem a maioria entre os trabalhadores com ensino superior completo no país.

Elas representavam 59% dos 9,8 milhões profissionais com vínculo empregatício ativo em 2016. Apesar de ter maior escolaridade, as mulheres ainda continuavam ganhando menos.

A remuneração média das mulheres com ensino superior completo, em 2016, era de R$ 4.803,77, enquanto a dos homens era de R$ 7.537,27.

Para a analista de Políticas Sociais do Observatório Nacional do Mercado de Trabalho do Ministério do Trabalho, Mariana Eugênio, ainda há muitos desafios que precisam ser enfrentados com políticas públicas adequadas, especialmente no que se refere à remuneração.

“Na média, as mulheres continuam ganhando menos que os homens. Esta situação pode ser explicada pelo fato de que a participação feminina no mercado de trabalho formal está concentrada em ocupações que apresentam remuneração mais baixa. Além disso, as mulheres ocupam menos os cargos de chefia e ainda há fatores discriminatórios no ambiente de trabalho, que precisam ser combatidos”, afirma.

Superação

Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Oficina mecânica de mulheres “Meu Mecânico” na Ceilândia. Agda Óliver com suas funcionárias.

Apesar do contexto desafiador, multiplicam-se exemplos de mulheres que superaram as barreiras impostas pela desigualdade de gênero e pela conjuntura econômica do país e conseguiram empreender com sucesso.

O nome de Ágda Oliver é referência quando se trata desse assunto. Ela é ex-bancária e atualmente dona de uma oficina mecânica.

Ela conta que tudo começou a partir de uma experiência negativa que teve ao levar seu carro para fazer uma revisão. “O mecânico afirmou que eu deveria trocar peças que meu carro nem tinha e cobrou um valor absurdo pelo serviço”, relata.

Mas Ágda não se conformou com a provocação. Decidiu estudar mecânica e administração de negócios e unir os novos conhecimentos à vontade de empreender. Hoje, possui um público 70% feminino, além de 50% de seu quadro de funcionários ser composto por mulheres.

Ela também dá palestras sobre mecânica para mulheres. “Meu objetivo com as palestras é empoderá-las pela informação, para que elas possam lidar com todas as demandas de um veículo de forma independente e não passem por situações desonestas como a que eu passei”, afirma.

A empresária conta que o maior desafio não foi aprender sobre mecânica e empreendedorismo, mas, sim, provar para as pessoas que ela sabe o que está fazendo. “A sociedade parte de um pressuposto sexista de que mecânica não é assunto para mulher, então eu tenho sempre que provar duas vezes os meus conhecimentos e a minha capacidade”.

Para não esquecer

As histórias que remetem à criação do Dia Internacional da Mulher alimentam o imaginário de que a data teria surgido a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas.

Sem dúvida, o incidente marcou a trajetória das lutas feministas ao longo do século 20, mas os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este acontecimento.

Desde o final do século 19, organizações femininas oriundas de movimentos operários protestavam em vários países da Europa e nos Estados Unidos.

As jornadas de trabalho de aproximadamente 15 horas diárias, salários medíocres e direito ao voto levaram as mulheres a grandes mobilizações por igualdade de direitos.

Somente em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Em 1977 o “8 de março” foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas.

Dia Global do Empreendedorismo Feminino

Em 19 de novembro, é celebrado o Dia Global do Empreendedorismo Feminino. A data foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014 e abrange 153 países, inclusive o Brasil.

Os objetivos do marco são fomentar oportunidades para mulheres no mercado de trabalho e incentivar a ocupação de cargos de liderança e em áreas como política, saúde e educação, tradicionalmente ocupadas por homens.

Você viu?

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, a marca de uísques Johnnie Walker trocou seu “garoto-propaganda” por uma versão feminina, a Jane Walker.

Ao longo de todo o mês de março, as garrafas de Black Label da empresa vieram estampadas com a versão feminina do logotipo.

Foram produzidas 250 mil garrafas na edição especial de ‘Jane Walker’ para a data. A venda acontece somente nos Estados Unidos, mas a campanha recebeu uma saraivada de críticas nas redes sociais.

A polêmica reverberou também no programa de TV The Late Show, um dos mais vistos daquele país.

Fonte: Revista Varejo S.A

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