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Cartão de crédito é extensão de renda para 20% de seus usuários

Estudo do SPC Brasil e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que 33% dos entrevistados já tiveram cartão bloqueado por atrasar o pagamento da fatura, principalmente nas classes C, D e E. Quase a metade já ficou com o nome sujo devido à inadimplência.

Embora o cartão de crédito seja a modalidade de crédito mais popular entre os brasileiros, ele vem se tornando um problema para uma parcela dos consumidores.

Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Diretores Lojistas (CNDL) aponta que um em cada cinco usuários de cartão de crédito (20%) utilizam o meio de pagamento como extensão da própria renda.

Ou seja, acabam recorrendo a esse tipo de crédito para continuar comprando quando o salário do mês acaba e, assim, adiar o pagamento.

Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o grande perigo de achar que o cartão de crédito funciona como renda complementar é o endividamento, porque muitos perdem controle dos gastos e compram além do que conseguem pagar quando a fatura chega.

“É preciso cuidado. Se o dinheiro que o consumidor dispõe já não está sendo suficiente para cobrir os atuais gastos, certamente não será o bastante para pagar as despesas do mês seguinte, quando terá de arcar com a fatura do cartão de crédito e também quitar as contas do mês”, alerta a economista.

Por outro lado, 44% dos entrevistados que utilizam o cartão afirmaram usá-lo apenas em casos de necessidades pontuais ou imprevistos, ao passo que 38% o fazem para parcelar as compras e 34% para facilitar o pagamento na internet.

“Se bem empregado, o cartão é uma maneira inteligente de concentrar as compras realizadas durante o mês em uma única conta, possibilitando um melhor controle dos gastos”, observa o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli.

O levantamento mostra ainda que quatro em cada dez consumidores (41%) usuários de cartão já deixaram de fazer compras em estabelecimentos por não aceitarem essa forma de pagamento, sendo que destes 41% deixaram de ir a bares, restaurantes e lanchonetes, 35% não compraram com ambulantes e 19% desistiram de abastecer em postos de combustível. Outros 27% acabaram pagando suas compras de outra forma.

Leia também: Mais da metade dos inadimplentes no cartão de crédito não pagam a dívida após cobrança, revela pesquisa

Para 46%, internet é o meio mais utilizado para compras com cartão

Na maior parte das vezes (46%), o cartão de crédito é usado para fazer compras pela internet. Já 44% usam quando não estão com dinheiro para pagar à vista e 37% se o valor da compra for elevado. Outros 24% disseram utilizam o cartão em quase todas as compras, independentemente do valor do bem adquirido.

A pesquisa também constatou que mais da metade dos gastos realizados com cartão de crédito (54%) são para comprar roupas, calçados e acessórios ? percentual que aumenta para 60% entre as mulheres. Em seguida vêm os eletrônicos (44%), as compras de supermercado e alimentos para a casa (43%) e itens de farmácia (40%).

67% dos usuários controlam gastos com cartão, sendo que 22% por meio dos aplicativos de celular; 45% não pagam anuidade

O estudo mostra também que o uso do cartão de crédito já está difundido no Brasil. Nos últimos 12 meses, 67% das pessoas realizaram alguma compra utilizando esse meio de pagamento e 68% o fazem pelo menos uma vez por mês.

Na opinião desses entrevistados, as principais vantagens de seu uso são a possibilidade de parcelar o valor dos gastos (17%), segurança de não andar com dinheiro no bolso (16%) e fazer compras mesmo sem ter recursos disponíveis no momento (15%). Na contramão, 30% afirmaram não ter utilizado essa forma de crédito no período.

Apesar da praticidade, 84% dos usuários de cartão concordam que há riscos em ter um cartão de crédito, sendo que os mais destacados são a possibilidade de clonagem (38%) e a perda no controle dos gastos (33%).

Em média, cada usuário entrevistado possui dois cartões, sendo que grande parte não paga taxa de anuidade (45%). Outro dado que chama a atenção é o número de pessoas que controla os gastos mensais com o cartão (67%) — muitos por meio de aplicativos de celular (22%) ou por meio de anotações em papel (22%). Já um terço (30%) reconhece não fazer controle dessas despesas.

Entre as pessoas ouvidas, 46% contam que nunca pagaram o mínimo da fatura, optando por sempre quitar o valor integral. Outra fatia dos entrevistados (21%) disse já ter pago o mínimo em algum momento, embora não tenham usado o rotativo há mais de um ano, 13% costumam recorrer ao financiamento da fatura e 2% pagam apenas o mínimo.

Novas regras do rotativo ainda são percebidas como pouco atrativa para quase um terço dos entrevistados que conhecem as mudanças

Em vigor desde abril de 2017, as novas regras do rotativo do cartão ainda são vistas com cautela pelos entrevistados. Dentre os consumidores que já pagaram o mínimo da fatura do cartão de crédito alguma vez e conhecem a nova regra do rotativo (80%), quase um terço (28%) não considera as novas regras favoráveis.

Para eles, os juros continuam abusivos e o valor da dívida permanece alto (10%). Já 58% dos entrevistados enxergam que a mudança tem contribuído de alguma forma, principalmente por ver o valor da parcela negociada junto ao banco caber no orçamento (46%).

“Ao contrário do que acontecia, o consumidor que hoje não consegue arcar com o valor integral de sua fatura pode fazer o pagamento mínimo apenas uma única vez. Na fatura seguinte, ele não consegue rolar a dívida como antes, por ter de pagar a fatura total”, explica Marcela Kawauti. “Caso isso não aconteça, o banco é obrigado a oferecer uma linha de crédito mais barata do que a taxa do rotativo, de modo que o consumidor negocie e parcele sua dívida”, conclui.

30% não usaram cartão de crédito no último ano, principalmente por ter o nome negativado; 33% dos que utilizaram tiveram o cartão bloqueado por atraso na fatura

Para aqueles que não utilizaram cartão de crédito nos últimos 12 meses (30%), o principal motivo deve-se ao fato de estar com o nome sujo e não conseguir solicitar um cartão (30%). Outros preferem o pagamento à vista, seja para ganhar desconto (20%) ou porque preferem esta forma de pagamento, mesmo sem desconto (19%).

Ainda de acordo com o levantamento, quase a metade (48%) dos entrevistados que usaram o cartão nos últimos doze meses já ficou com o nome sujo devido à inadimplência no pagamento, sendo que 30% indicaram ter regularizado a situação e 18% ainda permanecem negativados. Cerca de um terço (33%) já teve o cartão bloqueado pelo atraso no pagamento da fatura.

A pesquisa revela ainda que 30% dos entrevistados tentaram adquirir um cartão nos últimos três meses. Desse total, 21% não obtiveram êxito e 9% conseguiram. A maioria (60%) considerou difícil ou muito difícil adquirir um cartão.

Metade dos consumidores que participam de programas de fidelidade não trocam seus pontos

Muitas vezes, o consumidor opta por adquirir um cartão de crédito para participar dos famosos programas de fidelidade ou clube de benefícios.

De acordo com a pesquisa, 28% utilizam esse meio de pagamento em compras que normalmente fariam de outra forma apenas para acumular pontos em programas de fidelidade.

Entretanto, metade (50%) dos que fazem parte desses programas não utiliza os pontos, dos quais 19% afirmam esquecer de que os têm e 19% dizem que os pontos nunca são suficientes para realizar as trocas. No sentido inverso, metade (50%) costuma utilizar os pontos.

Metodologia

Foram entrevistados 910 consumidores no mês de março, nas 27 capitais brasileiras, acima de 18 anos, de ambos os gêneros e de todas as classes sociais. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para uma confiança de 95%.

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