Falar de Copa do Mundo com brasileiros é tocar num ponto delicado. Depois da última, em que nossa seleção provou o amargo sabor de uma derrota quase cômica, para não dizer trágica, muita expectativa se formou para o Mundial da Rússia.
Embora o evento aconteça do outro lado do mundo, sem dúvidas terá grande impacto em nosso país.
Até porque, apesar dos pesares, a relação do brasileiro com o futebol é histórica e, nestes tempos nefastos que se tem enfrentado por aqui, em que crises políticas, econômicas e de segurança assolam a esperança do povo, pode-se dizer que a Copa do Mundo traz um pouco da expectativa e da alegria dos brasileiros de volta.
Esta expectativa é presente, inclusive, no comércio, que tem com a Copa do Mundo uma relação minimamente complexa.
Isto porque a Copa é um evento tão grandioso que impacta a vida de todos, modificando os hábitos de consumo e, consequentemente, de venda da população.
Cada ramo do comércio reage de um jeito à chegada da Copa do Mundo. Como se trata de um evento temático e bastante específico, em algumas áreas as vendas tem potencial de aumentar muito, ao passo que em outras, à medida que o evento se aproxima, as vendas tendem a cair.
Se você tem uma empresa, precisa identificar se possui algum atrativo para melhorar suas vendas durante a Copa.
Se seu ramo é daqueles que nesta época tem um resultado parecido com o do Carnaval, não se preocupe: com um pouco de esforço, você pode reverter essa situação e usar a Copa do Mundo a favor dos seus negócios.
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Setores que faturam naturalmente durante a Copa do Mundo
Normalmente, setores do comércio varejista tendem a vender mais durante a Copa pela própria natureza do varejo, que conta com datas comemorativas para impulsionar vendas.
Na Copa do Mundo não seria diferente: alguns produtos e serviços são impulsionados pela euforia que o evento invoca.
Eletrônicos
Durante as últimas Copas do Mundo, observou-se um aumento muito grande na venda de aparelhos de televisão. Em 2014, a venda de TVs crescia 60% por semana, de acordo com pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa GfK, no mês que precedeu a Copa.
No Chile e na Argentina, durante a época da Copa de 2014, também se observou aumentos acima de 50% na venda de televisões.
Outros produtos eletrônicos, como projetores, câmeras digitais, celulares, dentre outros, também tiveram bastante saída.
Bares e Restaurantes
Outro setor que sempre fatura muito durante este evento mundial é o de bares e restaurantes, que durante toda a época da Copa criam promoções e promovem exibição dos jogos em seus estabelecimentos.
Essa prática, muito comum e lucrativa, garante o aumento nas vendas pois o público destes estabelecimentos se multiplica rapidamente quando se trata de assistir os jogos.
Além disso, os comerciantes tem a oportunidade de aproveitar essa época para fidelizar novos clientes.
Roupas e Acessórios
Lojas de artigos esportivos e de roupas – que, independentemente do que a moda dita, investem em produtos com temática verde e amarela, – também tendem a faturar mais nesta época, já que as pessoas procuram se caracterizar de torcedores e patriotas.
Lojas de Fantasias
Aliás, outro ramo que fatura bem neste período é o de fantasias. Lojas que vendam artigos para festas e tintas, maquiagens e produtos em tons de verde, amarelo e azul, certamente, aquecem mais seus motores nessa época.
Turismo
Agências de viagem também tendem a faturar bastante. No ano de 2014, o setor de turismo registrou, no segundo trimestre, um aumento de 11,1% em comparação com o mesmo período de 2013. Certamente, a Copa ter acontecido aqui influenciou este crescimento.
Contudo, não se pode negar que há expectativa de crescimento para o setor também este ano, uma vez que muitas pessoas procuram por agências de turismo para comprar pacotes para a Copa da Rússia.
Afinal, os brasileiros adoram viajar e muitos acabam sempre dando um jeitinho de parcelar um pacote ou achar uma promoção para poder passear.
Muitos também aproveitam o abatimento de banco de horas e folgas em função dos jogos para viajar, sem contar que na época da Copa também começam as férias escolares de meio do ano, que por si só já aumentam o faturamento do ramo turístico.
Manicure e Pedicure
Tratando-se de Brasil, um dos países do mundo em que as pessoas são mais vaidosas, os salões de beleza tendem a ficar lotados durante a Copa.
A venda de serviços como manicure e pedicure promete ser muito boa durante a Copa, especialmente em função da grande popularização que as unhas decoradas vem alcançando.
Salões que trabalham com unhas em acrigel, acrílico, gel, porcelana e fibra de vidro e também com pinturas trabalhadas, voltadas para temática da Copa, estarão entre os mais movimentados.
Setores que precisam de uma forcinha para vender durante a Copa do Mundo
Para alguns analistas, a época da Copa não causa muito impacto na economia. Já outros, como o economista Celso Toledo, acredita que se pode fazer uma análise negativa sobre os resultados da Copa do Mundo de 2014 (nossa atual economia é um exemplo).
Fato é que, realmente, a Copa do Mundo bagunça um pouco a estrutura econômica do país: empresas costumam liberar funcionários mais cedo ou encerrar antes do horário o expediente em função de jogos.
Algumas aproveitam a época e dão férias coletivas aos seus funcionário; estabelecimentos não abrem; dias úteis próximos a feriados são enforcados. Enfim: a época da Copa é marcada por uma certa inércia em determinadas empresas.
Indústria
Um bom indicador para sabermos se a indústria vai bem ou mal é, por curioso que pareça, a venda de papelão ondulado. Isto mesmo: papelão ondulado, que é a matéria mais usada para embalagens e transporte de mercadorias. Portanto, sua fabricação, pode-se dizer, serve como um termômetro da indústria.
Em 2014, durante a época da Copa do Mundo, a venda de papelão ondulado caiu bastante, chegando a 3,38% em junho. Embora em fevereiro deste ano se tenha reparado um aumento nas vendas deste material, espera-se que com a aproximação da Copa a Indústria esfrie um pouco os motores.
Contudo, mesmo dentro do setor industrial, é possível usar a criatividade para incrementar os produtos e as vendas neste período.
Indústria Automotiva
Ainda usando como exemplo a peculiar Copa de 2014, o setor automotivo teve uma queda na produção de 33,3% em relação ao mesmo período de 2013.
Tratava-se, então, de um momento em que a confiança dos empresários caía pelo 6º mês seguido, o que dentre outras variantes, dificultou muito o andamento dos setores industriais.
De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a tendência é que o setor automotivo siga se recuperando em 2018, uma vez que no ano de 2017 o crescimento foi pequeno.
Contudo, atualmente não temos vivido tempos muito melhores na economia, não é mesmo? Por isso, resta torcer para que não haja nova queda no setor cujo objetivo em 2018 é crescer.
Prestação de Serviços
Vistorias, dedetizações, consultas, cursos e workshops, obras… Normalmente, atividades símiles tem uma certa queda durante o período de Copa do Mundo.
Com funcionários sendo liberados mais cedo, ônibus parando de circular, comércios fechando suas portas antes do fim do horário comercial ou durante os horários de jogos, de certo que algumas áreas tendem a ter uma queda em sua produção e em suas vendas.