É preciso apostar na criatividade, diz presidente da CDL de Fortaleza
Para Severino Neto, a adaptação do varejo fortalezense ocorrerá de forma gradativa, à medida que os lojistas identificarem os potenciais de consumo
Como o varejo de Fortaleza está se preparando para a ampliação do horário de funcionamento das lojas e como essa mudança será implantada?
O primeiro passo, obviamente, é a mudança na lei. A Prefeitura de Fortaleza traçou um processo muito inteligente, dando oportunidade para o empresário investir nessas áreas e gerar mais emprego e renda na cidade. A partir daí, nós temos que fazer, aos poucos, com que isso aconteça. Já tivemos uma experiência semelhante que os mais antigos vão se recordar, quando os supermercados e shoppings começaram a abrir aos domingos. E tudo aconteceu de uma forma gradativa de adaptação, tanto para a clientela como para o lojista. E hoje isso já faz parte do nosso dia a dia.
Existe demanda de cliente para viabilizar esse projeto no comércio local?
Essa demanda vai depender essencialmente da criatividade do nosso varejista, como também da oferta de linhas de serviços. Para o comércio funcionar em horários diferenciados, a cidade também precisa de uma vida noturna mais intensa, com bares e restaurantes, etc.
Quais são os possíveis caminhos para que essa transformação ocorra?
Nós tivemos o exemplo da feira da Rua José Avelino, que começou a funcionar 24 horas, mas isso ocorreu paulatinamente. Quando o varejista vai acertando, os outros vão copiando e procurando fazer melhor. A Prefeitura encaminhou à Câmara a possibilidade de abertura 24 horas. Então, a gestão municipal está preparando o campo para que a gente gere emprego e renda, dando vida a áreas da cidade no período noturno. O Centro necessita disso até para ter mais segurança, já que, quanto mais movimento, mais segurança existe. A ideia da Prefeitura é muito sábia.
Quanto à capacitação da mão de obra e o incentivo a uma nova na cultura do consumo da cidade, quais seriam os maiores desafios para os lojistas?
Temos oportunidades em todos os sentidos. É preciso ampliar o nível de clientela. Tudo isso demanda muito planejamento por parte dos nossos lojistas e tempo de maturação para a coisa funcionar de forma satisfatória. Acima de tudo, é preciso uma mudança na cultura do consumo local. O varejo tem que apostar nisso.
Inicialmente, quais segmentos deverão se beneficiar com a mudança?
Isso é uma decisão de empresa para empresa. Fortaleza é uma cidade turística com uma vida noturna cada vez maior. Mas isso pode ser avaliado constantemente pelos lojistas e adaptado de acordo com a necessidade de cada segmento. Quanto ao novo funcionamento do varejo, vale lembrar que o trânsito à noite é melhor do que durante o dia. Tem gente que gosta mais desse horário. Mas o ideal é preparar o campo, como a Prefeitura está fazendo. Devemos começar aos poucos. E depois as coisas vão acontecendo.
De que forma as melhorias na gestão de pessoas e processos internos por parte dos lojistas serão decisivas para o sucesso da proposta?
Vamos ter que fazer um estudo de segmentos que têm uma possibilidade maior de explorar esse mercado e, a partir daí, começarmos a traçar estratégias. Nos Estados Unidos, por exemplo, se você vai a uma loja à meia-noite, ela está lotada, sendo 90% dos clientes turistas. Esse é o nosso sonho para o varejo local. Mas Fortaleza tem a característica de turismo de praia. Durante o período noturno, o turista quer aproveitar ao máximo a cidade. A gente tem que se preparar para atender, sobretudo, esse turista.
Como o varejo de Fortaleza pretende fazer para atrair os clientes?
A gente precisa fazer com que essa gama de ações positivas aconteçam e atendam ao intuito do prefeito Roberto Cláudio, que é gerar mais emprego e renda na cidade. O varejo de atacado que funcionou na feira da José Avelino, por exemplo, foi uma ótima aula, um exemplo para a gente de como trabalhar. Funcionava 24 horas, com a venda de roupas e confecção de uma forma muito agressiva, atraindo compradores de estados vizinhos.
Os serviços serão importantes para ajudar a chamar a clientela?
Certamente. De todo modo, para fomentar esse novo ambiente, é preciso atrair restaurantes, opções de lazer, porque onde tem turista tem comércio. A partir daí, o fluxo de clientes começa a aparecer naturalmente. Acredito que o Centro de Fortaleza seria o local certo para o começo dessas atividades.
Há potencial para que o horário do comércio no entorno de shopping centers também seja estendido?
A gente já tem experiências dessa natureza na cidade. Com o shopping RioMar Fortaleza, tivemos a prova de que um investimento certo pode mudar uma região, como aconteceu no bairro Papicu. Depois tivemos o exemplo do RioMar Kennedy, que fez o mesmo no bairro Presidente Kennedy. Isso é prova de que a Prefeitura está pensando certo para gerar mais emprego e renda nesses espaços e requalificar as áreas.
Fonte: Diário do Nordeste