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Pesquisa deve mapear ambulantes do Centro

Símbolo histórico de Fortaleza, o Centro perece com a ausência de cuidados. Lixo, insegurança, problemas de saneamento e desordem do comércio ambulante esbarram em antigas promessas de revitalização.

Severino Neto, presidente da CDL de Fortaleza.

Contudo, compradores e comerciantes têm um ponto em comum: a (re)qualificação do Centro é exigência antiga, mas ainda urgente, principalmente com a chegada do final do ano, quando o movimento de 300 mil pessoas ao dia deve ser intensificado por conta do Natal e do Ano Novo, de acordo com a CDL de Fortaleza.

Em ruas como Liberato Barroso e Guilherme Rocha, ainda é comum deparar-se com mercadorias espalhadas no chão ou em bancas de diferentes tamanhos. Segundo o presidente da CDL de Fortaleza, Severino Neto, o comércio informal deveria agregar cerca de 1.500 pessoas. No entanto, o número real deve ser o triplo.

 

“O problema do Centro não é o fluxo de pessoas. Precisamos é de ordenamento, até porque muitos pedestres não têm como circular com as calçadas ocupadas”, relata.

Assis Cavalcante, coordenador da Ação Novo Centro

Para o coordenador da Ação Novo Centro, Assis Cavalcante, os ambulantes são concorrência desleal para as lojas, uma vez que vendem produtos de procedência duvidosa na porta de estabelecimentos com produtos originais. “Alguns vendem até óculos de grau no meio da rua. É um problema de saúde pública”, diz.

Uma pesquisa quantitativa da Secretaria Regional Centro (Sercefor) está em andamento para identificar quantos ambulantes atuam no chamado “Centrão”. A partir do levantamento, deverão ser traçados planos para recadastramento e alocação dos vendedores, seja através da demarcação de novas áreas ou da utilização de espaços em outras regionais da cidade. A pesquisa deve ficar pronta no fim deste mês.

Enquanto isso, diariamente, fiscais da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) têm atuado para coibir o comércio ambulante, principalmente nas recém-inauguradas José Avelino e Alberto Nepomuceno.

Reconquista

A requalificação da via é classificada por Severino Neto como uma “reconquista”. “Área publica é para ser pública. Queremos que outros prédios sejam requalificados para que possam ter a verdadeira importância cultural e histórica”, pontua. O próximo empreendimento a passar por intervenções deve ser a Praça José de Alencar. Obras no local foram anunciadas na última sexta, pela Prefeitura de Fortaleza.

Além dela, devem ser reformadas as praças José Bonifácio (5º Batalhão), dos Voluntários (Polícia Civil), Murilo Borges (Justiça Federal), Largo do Mercado (Correios), Largo da Assembleia, Waldemar Falcão, Gustavo Barroso (Liceu), José Júlio (Igreja Coração de Jesus) e Figueiras de Melo (Colégio Justiniano de Serpa). Outro local em restauração é o Teatro São José, cuja previsão de entrega é março de 2018.

Problemas

Conforme o coordenador da Ação Novo Centro, o bairro amarga calçadões esburacados que prejudicam a locomoção dos pedestres, estacionamentos irregulares e assaltos constantes a lojas de eletrônicos, óticas e joalherias. Para ele, diversas ações precisam ser tomadas:

A instalação de zonas azuis efetivas;

A regulamentação de estacionamentos;

A transformação da Rua General Sampaio numa via exclusiva para ônibus;

A instalação de um corredor turístico entre a Beira-Mar e o Centro;

O incentivo à moradia, com IPTU mais barato, uma vez que o bairro abriga apenas 28,5 mil moradores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “É o bairro mais completo da cidade”, destaca Assis.

Para o professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (DAU/UFC), José Almir Farias, a situação atual do Centro é resultado de um processo histórico de interrupção da presença do Estado e do Município, que não normatizaram o uso das edificações pelos comerciantes e abandonaram a área.

Segundo o especialista, é preciso instaurar um plano urbanístico consistente no bairro, incrementando a ocupação residencial e a sensação de pertencimento dos moradores, fatores capazes de melhorar a qualidade do espaço.

“Os centros comerciais ou unifuncionais (que atendem a um só propósito) são muito subutilizados, principalmente à noite, por isso se tornam locais de uso indevido, mas você só faz uma reocupação a longo prazo”, garante Farias.

Fonte: Diário do Nordeste

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