Quase 60 milhões de brasileiros estão com o nome negativado
O volume de brasileiros com contas em atraso e registrados nos cadastros de devedores apresentou um leve aumento no último mês de outubro, após sete quedas consecutivas.
Segundo dados do indicador do SPC Brasil e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), houve um aumento de 0,20% na quantidade de inadimplentes na comparação entre outubro deste ano com o mesmo mês do ano passado.
Na comparação mensal, ou seja, entre setembro e outubro, o indicador apresentou aumento de 0,5%. O SPC Brasil e a CNDL estimam que o Brasil encerrou outubro com aproximadamente 59,3 milhões de brasileiros com alguma conta em atraso e com o CPF restrito para contratar crédito ou fazer compras parceladas. O número representa 39% da população com idade entre 18 e 95 anos.
“A estimativa tem se mantido estável desde o início de 2016. Por um lado, as dificuldades do cenário recessivo fazem crescer o número de devedores, e por outro a maior restrição do crédito e queda na propensão do consumo age na direção contrária, limitando a tomada de crédito e o crescimento da inadimplência”, explica o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, afirma: “A tendência de estabilidade da estimativa deve se manter nos próximos meses.”
Sudeste é a região que concentra a maior quantidade de inadimplentes
É na região Sudeste em que se concentra a maior quantidade de consumidores com contas em atraso, em termos absolutos: 24,34 milhões – número que responde por 37% do total de consumidores que residem nesses Estados.
A segunda região com maior número absoluto de devedores é o Nordeste, que conta com 16,53 milhões de negativados, ou 41% da população. Em seguida, aparece o Sul, com 8,04 milhões de inadimplentes (36% da população adulta).
Já em termos proporcionais, destaca-se o Norte, que, com 5,42 milhões de devedores, possui 46% de sua população adulta incluída nas listas de negativados, o maior percentual entre as regiões pesquisadas. O Centro-Oeste, por sua vez, aparece com um total de 5,01 milhões de inadimplentes, ou 43% da população.
Número de dívidas cai -4,01% em outubro
Outro número calculado pelo SPC Brasil e pela CNDL foi o volume de dívidas em nome de pessoas físicas. Neste caso, a variação negativa foi de -4,01% na comparação anual, e de -0,36% na comparação mensal.
Desde o início de 2016, a quantidade de dívidas em atraso desacelera de forma mais intensa do que o número de devedores negativados.
“Isso quer dizer que o consumidor inadimplente tem iniciado o pagamento de dívidas em atraso aos poucos”, alerta Kawauti. “Além disso, a partir do início da crise, a tomada de novos empréstimos diminuiu significativamente. Como reflexo da queda mais intensa do número de pendências em atraso do que da quantidade de devedores, o número médio de dívidas por devedor também tem mostrado queda”, explica.
Os dados de dívidas abertos por setor credor revelam que o segmento de água e luz voltou a apresentar alta do indicador, com variação de 5,93% pela segunda vez seguida.
No comércio houve o recuo mais acentuado: o número de pendências com o segmento caiu -6,62%. Em seguida, aparecem as dívidas com os bancos (-3,54%). O setor de comunicação apresentou alta de 1,31%.
Em termos de participação, os bancos seguem como os maiores credores do total de dívidas em atraso no país, concentrando 48% do total. Aparecem, em seguida, o setor de comércio, com 19% do total e o setor de comunicação (14%). Água e luz concentram 8% das pendências.