Fim de ano: 51 mil vagas devem ser criadas nos setores de varejo e serviços
Segundo o SPC Brasil e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 13% dos empresários manifestaram a intenção de reforçar o quadro de funcionários. Entre eles, 74% pretendem contratar de 1 a 5 funcionários, independentemente de ser efetivo ou temporário.
Com a economia se recuperando de forma lenta e gradual, a época do final de ano ainda não deve ser totalmente positiva quando se trata das expectativas de contrações para o último trimestre nos setores do comércio varejista e de serviços.
De acordo com um levantamento feito em todo o país pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), oito em cada dez (82%) empresários não contrataram e nem pretendem contratar trabalhadores para este fim de ano, incluindo os temporários e efetivos. Levando em consideração o setor do varejo e serviços, cerca de 51 mil vagas extras deverão ser criadas para o final do ano.
Entre os empresários que não contrataram e não pretendem contratar novos funcionários, 49% acreditam que a atual equipe conseguirá atender o volume de clientes e não veem necessidade de contratação, seguido pela crença de que o movimento no final do ano não irá aumentar (18%).
Para suprir o aumento natural da demanda do final do ano sem novas contratações, 48% acreditam que não precisarão mudar nada na forma de trabalho, uma vez que não haverá aumento significativo da demanda.
Apenas 13% dos empresários consultados manifestaram a intenção de reforçar o quadro de funcionários e, entre eles, 74% pretendem contratar de 1 a 5 funcionários, independentemente de ser efetivo ou temporário – outros 19% desses empresários ainda não sabem quantos funcionário pretendem contratar.
A principal motivação entre os que contrataram ou tem contratações previstas é suprir o aumento da demanda no final do ano (75%). Quatro em cada dez desses empresários (40%) afirmam que os contratados serão formalizados pela própria empresa, porém 35% afirmam que serão informais e 13% terceirizados.
Entre os que contratarão funcionários sem carteira assinada (36%), a principal justificativa é viabilizar a solução de uma necessidade específica para o Natal (39%) dado que o alto custo da carteira registrada poderia atrapalhar as contratações.
Dentre os empresários que necessitam de mão de obra adicional, 54% disseram que farão ou fizeram contratações temporárias e, desses, 56% não têm intenção de efetivar nenhum após o período de fim de ano e 28% pretendem contratar de 1 a 5 colaboradores.
Quando comparado a 2016, 22% dos empresários que terão mais mão de obra acreditam que a contratação de funcionários para o final de 2017 será menor, 18% maior e 48% igual. Uma das justificativas para o número menor ou igual de contratações é o não aumento significativo do movimento de clientes no final deste ano (35%).
“O último trimestre do ano traz sempre grandes expectativas para o comércio e o setor de serviços, que costumam ampliar estoques e fazer investimentos para atender a demanda normalmente aquecida das festas do Natal e réveillon. Neste ano, porém, a crise econômica deverá novamente inibir o volume das tradicionais contratações de mão de obra temporária e também de trabalhadores efetivos”, analisa o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
38% dos empresários aposta que as vendas de final de ano serão melhores que no ano passado
Se o número de contratações para o final do ano tende a ser baixo, por outro lado a expectativa é que o volume de vendas deve ter um incremento de 1%, na visão dos empresários. Ainda que não seja um percentual alto, é expressivo na comparação com 2016, quando essa expectativa era pessimista e os lojistas aguardavam uma queda de 4,6%.
“O estudo revela que a tímida melhora do cenário econômico, promovida sobretudo pela queda da inflação, das taxas de juros e pela tímida melhora nos níveis de desemprego, parece em alguma medida ter injetado boas expectativas nos empresários brasileiros”, afirma Pellizzaro .
A maioria dos empresários (71%) aposta que as vendas das festas de final de ano serão iguais ou melhores do que as do ano passado. A expectativa de melhora das vendas para o final deste ano apresentou crescimento significativo quando comparado a 2016: de 23% para 38%, um aumento de 15 pontos percentuais. Além disso, é a primeira vez nos últimos dois anos em que a expectativa positiva (38%) supera a neutra (34%) e negativa (21%).
Os principais motivos alegados pelos empresários para as expectativas de vendas em 2017 serem melhores que 2016 são as vendas acima do esperado em outras datas comemorativas de 2017 (20%) e as mudanças na política e no cenário econômico (19%). Por outro lado, as mesmas mudanças na política e no cenário econômico (33%) e o desemprego (29%) são também as principais justificativas dos empresários que estão pessimistas com as vendas neste final de ano.
Mulheres e jovens são os preferidos entre quem vai contratar
O levantamento do SPC Brasil e da CNDL também identificou um perfil das contratações de final de ano:
> 45% dos empresários pretendem contratar pessoas do sexo feminino e 31% se mostraram indiferentes;
> 55% pretendem contratar pessoas com até 34 anos;
> 40% buscam contratar pessoas com ensino médio completo;
> 44% solicitam que os candidatos tenham experiência anterior na área que serão contratados e outros 44% não fazem nenhuma exigência de competência ou cursos;
> Os profissionais mais procurados são vendedores (35%), ajudantes (vendas, repositor, serviços gerais, etc) (16%) e balconistas (10%).
De acordo com os empresários, estes trabalhadores serão contratados, em média, por um período de 3,5 meses, com um salário mínimo e meio mensal (cerca de R$1.400) e com carga horária entre 7 e 8 horas diárias. Cerca de 19% dos empresários consultados já contrataram em agosto e setembro, 31% contratarão em outubro e 21% em novembro.
Para a especialista, o clima de otimismo moderado de parte do empresariado é justificável dado que o país ainda esboça sinais incipientes de recuperação.
“Um dos piores efeitos da crise é a retração do consumo, em virtude do desemprego e da queda do poder de compra. Com o consumidor temeroso de gastar, o empresariado não tem perspectiva de vender mais e não vê necessidade em contratar mais pessoas e fazer investimentos”, afirma Kawauti.
Apenas 27% das empresas farão investimentos para fim do ano
Reflexo da baixa expectativa para as vendas, a realização de investimentos para o final do ano também é afetada. Em 2017, apenas 27% dos empresários dos setores de comércio e serviços pretendem investir no seu negócio para o período do Natal, ainda assim percentual acima do observado no ano passado (22%).
As estratégias de investimento mais adotadas para fazer frente às demandas do Natal e do Réveillon serão a ampliação do estoque (52%), o aumento na variedade de produtos e serviços (33%) e na comunicação e divulgação da empresa (22%). A principal justifica para quem não irá investir (70%) é não ver necessidade diante da baixa perspectiva de que a demanda aumentará (51%).
Cenário local
Levando em consideração o cenário para o varejo local, o presidente da CDL de Fortaleza, Severino Ramalho Neto, avalia que a situação regional é de avanço, ainda que muito lento.
“A nossa expectativa é muito positiva, mas ainda não há uma recuperação total”, detalha, acrescentando ainda que Fortaleza tem um agravante. “Nós tivemos um forte desenvolvimento na área de venda, sobretudo com o crescimento no número de shoppings, então é uma disponibilidade maior de metro quadrado para cobrir com mão-de-obra”, diz Severino.
O presidente da CDL destaca que as sapatarias devem continuar, neste fim de ano, como os principais segmentos do varejo em termos de contratação temporária. “As sapatarias sempre têm uma representatividade muito grande. A parte de perfumaria e de presentes, em geral, também demandam bastante no período”, avalia.
Metodologia
Foram ouvidos 1.168 empresários de serviços e comércio varejista localizados nas capitais e interior do país. A margem de erro é de 3,0 p.p. com um intervalo de confiança de 95%.