Crediário e cartão de crédito foram as modalidades que mais negativaram usuários no último ano, apontam CNDL/SPC Brasil
Para 30% dos usuários de cartão de crédito, tarifas e juros não são analisados antes de contratar o serviço. Mais de um terço reconhece aceitar aumento do limite de cheque especial e 41% cartões oferecidos por bancos e lojas.
Quando não bem controlado, o uso do crédito pode gerar um volume de compras que excede o orçamento, levando os consumidores à inadimplência.
Dados de uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil, apontam que 58% dos consumidores que recorreram ao crediário no último ano já ficaram negativados por atrasar prestações e 48% dos usuários de cartão de crédito por não pagarem a fatura.
Por outro lado, o cheque especial (30%) foi a modalidade que menos deixou quem utiliza o serviço com nome sujo.
O levantamento mostra também que antes de contratar crédito, parte de seus usuários costumam analisar as tarifas e os juros praticados ao fazer um financiamento (71%) ou contrair um empréstimo (70%).
Enquanto 45% ignoram as taxas do cheque especial e três entre dez (30%) reconhecem que não avaliam os encargos do cartão de crédito na hora de aceitar uma proposta.
Ao serem questionados sobre quais gastos controlam entre as modalidades utilizadas, 85% afirmam que ficam de olho no cheque pré-datado, 77% nas parcelas do financiamento e 75% do empréstimo.
Ao mesmo tempo, o crediário (31%) e o cartão de crédito (30%) são os instrumentos que têm menor atenção.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o mau uso do crédito pode tornar a dívida difícil de pagar, principalmente diante de uma economia ainda em lenta recuperação.
“Em uma sociedade voltada ao consumo, em que se incentiva a compra de bens muitas vezes desnecessários, o crédito fácil por meio de pequenas prestações e prazos a perder de vista surge como catalizador para o endividamento. Por essa razão, o consumidor precisa se conscientizar de que fazer um controle de suas finanças é essencial ”, analisa.
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Mais de um terço das pessoas costuma aceitar aumento do limite de cheque especial e 41% cartões de crédito oferecidos por bancos
Um comportamento que pode ter sérias consequências financeiras para os consumidores é o de aceitar cartões de crédito oferecidos por bancos ou lojas sem avaliar sua real necessidade.
De acordo com a pesquisa, quatro em cada dez brasileiros (41%) dizem sim a ofertas de cartões de crédito de bancos ou lojas.
Ao receber contato de instituições ou empresas oferecendo cartões, 15% aceitam somente se tiver isenção de anuidade e outros 15% se de fato precisarem, enquanto 7% apenas porque gostam de ter crédito disponível e 3% acabam contratando sem sequer avaliar sua real necessidade.
Já o percentual dos que aceitam propostas de instituições para aumentar o limite de cheque especial é de 37%. Quando recebem ofertas de bancos para limite maior do cheque ou crédito extra, 19% concordam apenas se houver necessidade, 14% para ter “crédito disponível caso precisem” e 4% aceitam a proposta sem avaliar se precisam.
No entanto, 32% dispensam a oferta por afirmar não existir necessidade de crédito ? especialmente os homens (36%) e consumidores com mais de 55 anos (52%).
A pesquisa mostra ainda que o cartão de crédito lidera o ranking dos instrumentos de crédito mais utilizados no último ano, com 67% das menções.
Em segundo lugar surge o crediário, como carnês, boletos e cartões de loja (27%). Na sequência aparecem o limite do cheque especial (17%), o empréstimo consignado em bancos (14%) e o empréstimo pessoal em bancos (12%).
“Os dados ressaltam um uso maior de modalidades menos burocratizadas, de rápida adesão e feitas sem a necessidade de garantias a exemplo do cartão de crédito e do cheque especial”, avalia a economista.
Metodologia
A pesquisa traça o perfil de 910 consumidores de todas as regiões brasileiras, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos e pertencentes às todas as classes sociais. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais e a margem de confiança, de 95%.